domingo, 16 de setembro de 2007

As melhores redações

Olá pessoal.
Resolvi, a partir desta semana, postar uma redação acima da média, quinzenalmente. A redação a seguir, da Juliana de Camargo Miranda, que estuda no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Campinas, foi feita em resposta ao tema do Enem 2001 (caso queiram ver o tema, o link para o download está ao lado). Nesse ano o tema foi "Como Conciliar os interesses em conflito?".
A dissertação foi feita em apenas 40 minutos, tempo útil da aula, e respeitou os limites do Enem, até aquele ano de apenas 25 linhas. Se ela tivesse mais tempo e espaço na folha, provavelmente o texto ficasse ainda melhor. O texto tem alguns pequenos escorregões gramaticais e de tipo de texto, mas isso não tira o seu mérito. Considero um dos mais belos trabalhos que já corrigi, talvez o mais; um texto que emociona. Espero que gostem da leitura.

Nome: Juliana de Camargo Miranda
Escola: Colégio Sagrado Coração de Jesus, Campinas - SP.
Tema: Enem 2001 (Como Conciliar os Interesses em Conflito?)

Alguns dizem que nosso destino está escrito nas estrelas. Mas, sinto muito, não as vejo por causa da poluição. Talvez esse seja nosso destino, talvez estejamos deixando nosso futuro mais negro com essa poluição sombria. Hipóteses à parte, sim, estamos acabando com nosso planetinha azul (opa! Azul não. Ele já está cinza), e bem rápido, mais rápido que imaginamos.
Junte todas as notícias, manchetes, reportagens que você já viu sobre o desmatamento e a poluição. Multiplique-as por dez, cem, mil! Este é o verdadeiro número de destruição da nossa casa. É, literalmente, um problema de nível planetário.
Mas como conciliar o progresso e a ecologia? Radicais diriam que todo o mundo deveria voltar às cavernas. A maioria da população diria “E daí? Não vou estar mais aqui quando acontecer”, sendo que já está acontecendo. Cidadãos que realmente se importam pensariam antes de responder.
Por respeito ao mundo, fábricas que utilizam madeira como matéria-prima plantam suas próprias árvores, fazendo jus ao ditado popular “Colhe-se o que se planta”. Não podemos esquecer que plantando pequenos gestos aparentemente simples, como apagar as luzes, fechar a torneira, não deixar o chuveiro ligado por muito tempo, colheremos bons frutos para o nosso planeta.
Devemos nos espelhar nos céus enquanto ainda conseguimos ver parte de sua imensidão. Por que talvez Vênus, um planeta tomado por gases tóxicos, já tenha sido como a Terra e tenha sucumbido pelos mesmos motivos que os nossos. Evitar chegar a esse ponto é o que devemos fazer. Boa sorte para nós!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Pois é!

Pois é! Depois de alguns anos, finalmente estou aqui, tentando viabilizar um blog. Mas, porque um blog? Bom, todos que me conhecem, sabem que sou uma pessoa que não gosta de se esconder, que gosta de dizer o que pensa, independente das conseqüências profissionais, acadêmicas e pessoais. Tento não ser hipócrita. Na verdade, não consigo ser hipócrita, conviver com a mediocridade cotidiana sem me manifestar. No entanto, quase sempre fico na superfície do debate, pois o debate oral, a polêmica rápida, dificilmente permitem um aprofundamento do assunto. Aqui, pretendo ser um pouco diferente, tentando sair, ao menos um pouco, da superficialidade.
Além disso, pretendo fazer deste blog uma espécie de diário de bordo de uma das minhas representações mais importantes – a que uso para sobreviver – a de professor de Redação e História. Assim, colocarei aqui todas as aulas, materiais extras e apresentações em Power Point para que os alunos possam fazer download. Isso fará com que eu economize parte do tempo gasto, atualmente, para responder os inúmeros e-mails relacionados à profissão de docente.
Ser professor é interessante, apesar da pressão cotidiana. Interessante porque conheço muita gente - incluindo alunos, é claro! - que merece ser chamada de GENTE com letra maiúscula; pessoas legais, sinceras, ousadas, das quais sinto muita saudade quando, infelizmente, perco o contato. Os nomes são muitos e consigo lembrar dezenas de faces e situações legais com as quais passei e através das quais aprendi muito.
A docência, minha ocupação principal no momento, pois tenho que trabalhar para sobreviver..rs é um grande desafio. Isso ocorre, principalmente, em função da disciplina que trabalho: a Redação. Embora pareça senso comum e clichê, é fato que os alunos lêem pouco, cada vez menos, e isso traz novos desafios para trabalhar uma disciplina como essa. Por tal razão, tentarei tratar, neste blog, de temas e problemas que são apresentados de maneira superficial, viciada e simplista por grande parte da mídia nacional, na qual se encontram porcarias como a revista Veja (a mais medíocre), Época, entre outras, além de jornais como o Correio Popular, Estadão, Folha de SP, entre outros. Sobre a TV então, o silêncio fala por si.
Acredito que a minha experiência, acumulada de forma mais intensiva nas duas últimas décadas, poderá contribuir para que estudantes possam enxergar o mundo em sua merecida complexidade. A experiência acumulada pela humanidade, que tanto deve aos homens e mulheres comuns, mais ainda deve aos radicais, pessoas que em muitas situações colocaram tudo a perder, suas fortunas, família, liberdade, tudo isso em nome da sustentação de uma idéia, de um ponto de vista, de uma teoria, que muitas vezes nos permitiu aumentar a nossa auto-compreensão e entender a nossa relação com o mundo. Devemos muito a pessoas ousadas como Platão, Sócrates, (não é o do Corinthians!... desculpem pela piada horrível!), Aristóteles, Copérnico, Kepler, Giordano Bruno, Galileu, Voltaire, Marx, Nietzsche, Lênin, Freud, Einstein, entre tantos outros que, construindo o conhecimento a partir do que havia se acumulado anteriormente, têm-nos permitido, de forma progressiva, conhecer o mundo em sua necessária complexidade. A eles e aos demais radicais comuns, àqueles que peitaram os patrões e decretaram greves, àqueles escravos que se insurgiram contra a escravidão, àqueles que “incendiaram” a população no período da Revolução Francesa, àqueles que morreram queimados por se recusarem a mentir sobre o que acreditavam, àqueles homens e mulheres comuns, que arriscaram suas vidas por acreditar em alguma coisa, defender uma idéia, construir uma sociedade melhor, eu dedico este blog.


PS: O nome do blog, atrapalhando o tráfego, é uma justa homenagem a uma pessoa de tipo raro, que uniu a arte com a intelectualidade: Chico Buarque de Holanda; faz parte de uma passagem da música Construção, (1971), uma das mais belas já produzidas em língua portuguesa. Nela juntam-se uma metafórica letra sobre a sociedade brasileira, uma ousada construção formal e um excelente arranjo. Talvez a música mais espetacular do século XX.

Thom Yorke, Cymbal Rush. ARTE.

Thom Yorke, Analyse. ARTE.